quarta-feira, 18 de abril de 2018

O VENENO DA RADICALIZAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL


Muitos milhões de brasileiros protestam constantemente contra os políticos que temos, pela corrupção em que se envolvem.

Se observarmos como agem os brasileiros mais instruídos e com maior poder aquisitivo, como os empresários, por exemplo, veremos que são unidos e organizados, e que aproveitam os períodos eleitorais para ouvir e sabatinar os candidatos a altos cargos, bem como para marcarem suas posições em relação aos grandes problemas do país.

Os descendentes de judeus, igualmente, convidam os candidatos à presidência da República para palestrarem e exporem suas ideias e projetos.

A Maçonaria, da mesma forma, convida os presidenciáveis para debaterem seus planos de governo em sua sede.

Como podem os eleitores comuns, muitos deles pobres, agir de modo similar ao desta elite social?

É possível à grande massa de eleitores brasileiros unir-se e organizar-se ao menos minimamente para eleger representantes políticos mais decentes?

Acreditamos que sim.

Temos hoje as redes sociais, onde podemos marcar nossas posições, escrevendo comentários nas páginas de candidatos e partidos.

Vimos em 2013 a força das redes sociais mobilizando milhões de pessoas, no Movimento Passe Livre.

Mas precisamos antes diagnosticar um grande mal que acometeu nosso povo: a radicalização política.

Depois do fim da ditadura militar, tivemos um período de transição, com um presidente civil, mas eleito indiretamente, por colégio eleitoral: Tancredo Neves, que, por morte, foi substituído por José Sarney.

Durante a primeira metade de seu mandato, Sarney teve o entusiástico apoio do povo, pois prometeu cumprir as promessas de Tancredo.

Mas a segunda metade de seu mandato foi de muita impopularidade, devido às muitas notícias de corrupção no governo.

Em suma, o primeiro presidente civil do período pós-ditadura foi uma grande decepção.

Após Sarney, os brasileiros acreditaram em outra falsa promessa: Collor de Melo, afastado por impeachment.

Em 1994, outro salvador da pátria é eleito: Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998, que além da corrupção, das privatizações e da reforma da Previdência,  só o que fez de bom foi controlar a inflação.

Muito pouco para um país com milhões de desempregados!

Em 2002, finalmente, depois de várias tentativas, Lula consegue eleger-se presidente da República.

O povo criou coragem e votou em massa em  um partido que se dizia de esquerda.
E veio então o mensalão!

Mais adiante, com Dilma Roussef  na presidência, veio o Petrolão!

O povo brasileiro, que experimentou a direita e a esquerda, e só se decepcionou, ficou sem alternativa, como uma mulher que abandona um amante que lhe bate e volta para outro, que lhe bate também.

E cada amante diz a ela que o outro é pior.

Manipulada, ela vira joguete de um ou de outro.

Por orgulho, enquanto coabita com um deles, ela até fala mal do homem que abandonou.

Assim, o povo começou a abrir mão de construir um país sério, decente, e contentou-se em ser fanático de direita ou de esquerda, por orgulho mesmo, teatralizando, e não por acreditar no que ouve de seus líderes demagogos.

E o pior: passou a contentar-se com migalhas de direitos, de tudo quanto os políticos furtam da riqueza nacional!

O que menos há na radicalização política que presenciamos no Brasil atualmente é sinceridade.

Se os eleitores brasileiros quiserem um Brasil desenvolvido e humano, precisam em primeiro lugar unir-se, abrindo mão desta farsa, pois durante muito e muito tempo não fomos assim.

Ao contrário, em muitos momentos os brasileiros uniram-se, como durante uma grande seca no nordeste e uma enchente em Santa Catarina, na década de 1980.

É preciso extrair de nossas veias o veneno da radicalização, se quisermos uma política séria no Brasil.

Só assim poderemos nos organizar para pautar os temas dos debates eleitorais.

No fundo, o que os partidos e seus eleitores fanáticos fazem, hoje, é disputar o campeonato da menor corrupção, pois aceitam a corrupção, desde que possam acusar outro partido de ser mais corrupto.

É a síndrome da mulher maltratada e dependente, digna de uma letra cantada por Alcione.

Décadas atrás, antes de se decepcionarem com os governantes civis eleitos a partir da redemocratização do Brasil, o que tais eleitores queriam era eleger governantes honestos e competentes, e nenhuma importância davam a ideologias.

As ideologias têm seu lugar na política, e principalmente os programas dos partidos.

Os programas partidários são até mesmo indispensáveis.

Mas no atual período de crise política e ética que vivemos, o que o Brasil mais necessita são governantes e parlamentares mais decentes, a despeito de serem desta ou daquela ideologia.

E para elegermos políticos dignos de representar-nos, precisamos marcar nossas posições programáticas nas redes sociais.

Em um ano tão decisivo como este, para o futuro do Brasil, voltaremos a publicar artigos no blog O Cidadão do Mundo, tratando dos principais temas que preocupam os brasileiros, e apresentando propostas para aperfeiçoarmos a Constituição, as leis, e minimizar os mais graves problemas que atormentam nosso povo.

Cláudio Luiz Sá Brito Machado
Em 17 de abril de 2018