Muitos milhões de brasileiros protestam constantemente contra os políticos que temos, pela corrupção em que se envolvem.
Se observarmos como agem os brasileiros mais instruídos e com maior poder aquisitivo, como os empresários, por exemplo, veremos que são unidos e organizados, e que aproveitam os períodos eleitorais para ouvir e sabatinar os candidatos a altos cargos, bem como para marcarem suas posições em relação aos grandes problemas do país.
Os descendentes de judeus, igualmente, convidam os candidatos à presidência da República para palestrarem e exporem suas ideias e projetos.
A Maçonaria, da mesma forma, convida os presidenciáveis para debaterem seus planos de governo em sua sede.
Como podem os eleitores comuns, muitos deles pobres, agir de modo similar ao desta elite social?
É possível à grande massa de eleitores brasileiros unir-se e organizar-se ao menos minimamente para eleger representantes políticos mais decentes?
Acreditamos que sim.
Temos hoje as redes sociais, onde podemos marcar nossas posições, escrevendo comentários nas páginas de candidatos e partidos.
Vimos em 2013 a força das redes sociais mobilizando milhões de pessoas, no Movimento Passe Livre.
Mas precisamos antes diagnosticar um grande mal que acometeu nosso povo: a radicalização política.
Depois do fim da ditadura militar, tivemos um período de transição, com um presidente civil, mas eleito indiretamente, por colégio eleitoral: Tancredo Neves, que, por morte, foi substituído por José Sarney.
Durante a primeira metade de seu mandato, Sarney teve o entusiástico apoio do povo, pois prometeu cumprir as promessas de Tancredo.
Mas a segunda metade de seu mandato foi de muita impopularidade, devido às muitas notícias de corrupção no governo.
Em suma, o primeiro presidente civil do período pós-ditadura foi uma grande decepção.
Após Sarney, os brasileiros acreditaram em outra falsa promessa: Collor de Melo, afastado por impeachment.
Em 1994, outro salvador da pátria é eleito: Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998, que além da corrupção, das privatizações e da reforma da Previdência, só o que fez de bom foi controlar a inflação.
Muito pouco para um país com milhões de desempregados!
Em 2002, finalmente, depois de várias tentativas, Lula consegue eleger-se presidente da República.
O povo criou coragem e votou em massa em um partido que se dizia de esquerda.
E veio então o mensalão!
Mais adiante, com Dilma Roussef na presidência, veio o Petrolão!
O povo brasileiro, que experimentou a direita e a esquerda, e só se decepcionou, ficou sem alternativa, como uma mulher que abandona um amante que lhe bate e volta para outro, que lhe bate também.
E cada amante diz a ela que o outro é pior.
Manipulada, ela vira joguete de um ou de outro.
Por orgulho, enquanto coabita com um deles, ela até fala mal do homem que abandonou.
Assim, o povo começou a abrir mão de construir um país sério, decente, e contentou-se em ser fanático de direita ou de esquerda, por orgulho mesmo, teatralizando, e não por acreditar no que ouve de seus líderes demagogos.
E o pior: passou a contentar-se com migalhas de direitos, de tudo quanto os políticos furtam da riqueza nacional!
O que menos há na radicalização política que presenciamos no Brasil atualmente é sinceridade.
Se os eleitores brasileiros quiserem um Brasil desenvolvido e humano, precisam em primeiro lugar unir-se, abrindo mão desta farsa, pois durante muito e muito tempo não fomos assim.
Ao contrário, em muitos momentos os brasileiros uniram-se, como durante uma grande seca no nordeste e uma enchente em Santa Catarina, na década de 1980.
É preciso extrair de nossas veias o veneno da radicalização, se quisermos uma política séria no Brasil.
Só assim poderemos nos organizar para pautar os temas dos debates eleitorais.
No fundo, o que os partidos e seus eleitores fanáticos fazem, hoje, é disputar o campeonato da menor corrupção, pois aceitam a corrupção, desde que possam acusar outro partido de ser mais corrupto.
É a síndrome da mulher maltratada e dependente, digna de uma letra cantada por Alcione.
Décadas atrás, antes de se decepcionarem com os governantes civis eleitos a partir da redemocratização do Brasil, o que tais eleitores queriam era eleger governantes honestos e competentes, e nenhuma importância davam a ideologias.
As ideologias têm seu lugar na política, e principalmente os programas dos partidos.
Os programas partidários são até mesmo indispensáveis.
Mas no atual período de crise política e ética que vivemos, o que o Brasil mais necessita são governantes e parlamentares mais decentes, a despeito de serem desta ou daquela ideologia.
E para elegermos políticos dignos de representar-nos, precisamos marcar nossas posições programáticas nas redes sociais.
Em um ano tão decisivo como este, para o futuro do Brasil, voltaremos a publicar artigos no blog O Cidadão do Mundo, tratando dos principais temas que preocupam os brasileiros, e apresentando propostas para aperfeiçoarmos a Constituição, as leis, e minimizar os mais graves problemas que atormentam nosso povo.
Cláudio Luiz Sá Brito Machado
Em 17 de abril de 2018

